14 Jul
14Jul

O meu amor mais antigo, para qual dediquei minha devoção (depois dos meus familiares, é claro) foi à leitura e escrita. Foi um livro que roubou meu coração jovem, na verdade dois. Dividi meu coração com dois amantes: Pablo Neruda e Florbela Espanca. Eu tinha doze anos e muito bom gosto.

100 Sonetos de Amor, de Neruda, me acalentava e o Livro de Sóror Saudade, de Espanca, era meu álibi para chorar as paixões que não davam certo. A poesia é minha amiga desde então e dessa mão nunca soltei e nem pretendo.

Os livros me acompanham nas viagens, no trabalho, nas noites mal dormidas, no hospital, na pesquisa, nas conversas de bar, nas tardes de descanso, no transporte, nos presentes... e por conta deles, obviamente, amo visitar livrarias e bibliotecas. Fico inclusive muito honrada de ter alguns de meus livros publicados presentes nesses espaços!

Não, eles ainda não estão presentes aqui nessa livraria, a Bertrand do Chiado, e talvez nunca estejam. Tudo bem! O que é bom mesmo é eu ter a oportunidade de estar, de corpo presente, na livraria mais antiga do mundo, porque estar entre livros, para mim, é uma grande alegria. O cheiro do papel, as cores, capas, os formatos das lombadas, como são feitas as costuras, a leitura das orelhas, espiar a quarta capa, a organização por seções e títulos... tudo me encanta.

Então, imagine só como é que eu me senti nesse passeio. Acho que minha expressão nessa foto diz tudo! Para celebrar, comprei o livro Jóquei, da Matilde Campilho, poeta luso-brasileira que já esteve na FLIP e que tem quase a minha idade. Uma mulher inspiradora para mim!

Todo esse texto para dizer que alguns amores genuínos são possíveis.

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